Só alguém com as características pessoais de Steve Jobs conseguiria
criar uma empresa como a Apple e, ao longo de alguns anos, introduzir mudanças
significativas em várias indústrias como “os computadores pessoais, o cinema de
animação, a música, os telefones, a computação tablet, e a edição digital”, e
até nas lojas de venda a retalho. E fez tudo isto com um aspecto distintivo: a
sua intensidade.
Após a leitura da sua biografia (escrita por Walter Isaacson
a seu pedido), há alguns aspectos que julgo serem relevantes para o sucesso que
alcançou.
1. constituição e funcionamento de equipas.
Jobs entendia que só pessoas de
primeira podiam criar equipas de primeira. A sua visão binária da realidade
(quer dizer, ou é bom ou é péssimo; ou é um génio ou um estúpido) levava-o a
aplicar essa dualidade a tudo, inclusive às equipas de trabalho e pessoas que
contratava. Assim, conseguiu levar para a Apple pessoas de primeira que lhe
permitiram criar equipas de primeira e desenvolver produtos de alta qualidade.
Por outro lado, para Steve Jobs os
vários departamentos da Apple tinham de trabalhar interligados e sinergicamente.
Não aceitava a competição entre sectores da empresa, e os problemas tinham de
ser resolvidos em conjunto. Desta forma, havia visões diversas sobre cada
problema e uma resolução mais eficaz. “Jobs não organizou a Apple em divisões
semiautomáticas, ele controlava de forma rigorosa todas as suas equipas e
forçava-as a trabalharem como uma empresa coesa e flexível, como o mesmo
objectivo em termos de resultados.”
Um último aspecto sobre as equipas:
semanalmente havia reuniões onde eram discutidos vários assuntos e os próprios
produtos a desenvolver. A sua filosofia proibia apresentações em powerpoint,
pois, segundo ele, “se precisas de slides é porque não conheces aquilo de que
estás a falar.” O brainstorming era
incentivado, mesmo quando Jobs demolia alguma ideia apresentada ou quem a
propunha.
Esta combinação dava origem a
melhores ideias e melhores produtos.
2. foco em poucos produtos e de qualidade.
“Decidir o que não fazer é tão
importante como decidir o que fazer”, afirmou. “Isso aplica-se às empresas e
aplica-se aos produtos.” Foi “esta capacidade de concentração [que] salvou a
Apple”.
Esta forma de funcionamento permitia
a criação de produtos de qualidade e impedia a dispersão de energias do grupo.
Paralelamente, Steve Jobs sempre
defendeu um controlo absoluto do fabrico do produto de extremo-a-extremo. Ou
seja, não havia outros intervenientes e, após a venda, ninguém podia modificar
os programas ou produtos. Isso levou-o a ter várias polémicas com quem defendia
softwares e hardwares abertos. Quase caricaturalmente, a Apple criou parafusos
próprios para os seus equipamentos, de forma a não poderem ser abertos e
modificados em lojas de reparações.
A qualidade era um aspecto central
nos produtos desenvolvidos, e era tida em conta tanto no exterior como no
interior dos equipamentos. A organização e beleza tinha de ser evidente também
nos componentes internos dos dispositivos.
O perfeccionismo era a sua marca.
Basta recordar que, no início, esteve várias semanas para decidir o grau de
curvatura de uma embalagem para computador…
O cliente que adquire um produto Apple, adquire uma experiência completa.
Steve Jobs entendia que a missão da Apple era antecipar aquilo que os clientes vão querer. O seu sucesso está também patente nessa capacidade de antecipação.
Haveria certamente muitos outros aspectos a destacar em Steve
Jobs e que estão no caminho do seu sucesso, mas julgo que o foco em apenas dois
é suficiente para evidenciar aquilo que o distingue: equipas de primeira e produtos de primeira.
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Referências
Livro: Steve Jobs
Autor: Walter Isaacson
Editora: Objectiva
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